A pandemia do novo coronavírus segue causando diversos impactos nas receitas do Bahia. Após um longo processo de reestruturação administrativa e recuperação financeira nesta década, alguns sinais de alerta foram ligados.
Segundo levantamento do GE, no primeiro semestre deste ano, o Bahia elevou seu endividamento de R$ 197 milhões para R$ 236 milhões. A diferença entre os meses de dezembro e junho aponta um aumento de quase R$ 40 milhões.
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Ao mesmo tempo, o perfil da dívida também piorou. Dívidas de curto prazo, que no término da temporada passada respondiam por 25% do total, em junho subiram para 35%. No total, o clube terá de pagar R$ 84 milhões em período inferior a um ano – portanto até junho de 2021.
Em R$ milhões | dez/19 | jun/20 | Variação |
Endividamento | 207 | 236 | +29 |
Curto prazo | 49 | 84 | +35 |
Longo prazo | 147 | 152 | +5 |
Curto prazo (%) | 25% | 35% | |
Longo prazo (%) | 75% | 65% |
Para que o torcedor tenha uma noção mais clara sobre quais dívidas aumentaram neste período, essas são as principais variações.
A pagar no curto prazo:
- R$ 15 milhões a mais em salários e encargos
- R$ 5 milhões a mais em direitos de imagem
- R$ 4 milhões a mais em fornecedores
- R$ 1 milhão a mais em empréstimos
- R$ 1 milhão a menos em impostos parcelados
A pagar no longo prazo:
- R$ 3 milhões a mais em contingências
- R$ 2 milhões a mais em impostos parcelados
- R$ 460 mil a mais em fornecedores
Traduzindo do contábil para o português, contingências são valores separados pelo clube para ações judiciais que ele acredita que provavelmente perderá. Eles são classificados no longo prazo pois só precisarão ser pagos quando houver decisão judicial.
Percebe-se que o endividamento do Bahia aumentou principalmente na relação com atletas e comissão técnica. Salários, encargos e imagem respondem pela maior parte da variação entre dezembro e junho.
Dívida não quer dizer necessariamente conflito. O presidente Guilherme Bellintani acertou com o elenco, ainda no início da pandemia, que os direitos de imagem seriam suspensos em comum acordo. Neste mês, o clube apresentou um cronograma para quitar os valores postergados.
Receitas e despesas
Dívidas sobem porque falta dinheiro. Ou o dirigente pega dinheiro emprestado no banco, o que no caso do Bahia foi um recurso pouco usado, ou ele entra em acordo com funcionários e credores para cumprir com o compromisso mais tarde. Foi o que aconteceu neste semestre.
Na comparação com os seis meses iniciais de 2019, o faturamento tricolor caiu pela metade. Apesar de uma questão contábil: o dinheiro da televisão chegou a entrar no caixa, mas não foi reconhecido como receita pois o Campeonato Brasileiro ainda não tinha começado.
Em R$ milhões | jun/19 | jun/20 | Variação |
Televisão | 31 | 16 | -15 |
Marketing e comecial | 5 | 2 | -3 |
Bilheterias e estádio | 7 | 4 | -3 |
Associados | 8 | 14 | +6 |
Atletas | 27 | 3 | -24 |
Outros | 6 | 4 | -2 |
TOTAL | 83 | 43 | -40 |
Na área comercial, Guilherme Bellintani havia antecipado no início da pandemia que negociações de patrocínios tinham sido interrompidas. A perda de R$ 3 milhões em relação ao período anterior pôde ser sentida.
A redução das bilheterias era aguardada, por causa da suspensão dos campeonatos e das arquibancadas vazias. Por outro lado, houve um aumento na receita com associados. R$ 6 milhões a mais. Isto mostra como a diretoria soube engajar o torcedor mesmo sem futebol.
O ponto mais sensível, no entanto, foi o das transferências de atletas. Frente a um primeiro semestre muito bom na temporada anterior, o Bahia quase não arrecadou com esta linha em 2020.
Por parte da despesa, a diretoria tricolor reduziu um pouco a folha salarial – soma de salários, encargos trabalhistas, direitos de imagem e direitos de arena. Ela baixou de R$ 52 milhões no primeiro semestre de 2019 para R$ 45 milhões no mesmo período de 2020.
Hoje, o elenco do Bahia custa praticamente o mesmo que o do Cruzeiro, na segunda divisão, e mais do que o do Vasco, adversário direto no Brasileirão. Apesar da crise provocada pela pandemia do coronavírus, está em um nível adequado para seguir na primeira divisão sem sustos.
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