O atacante Rafael Ratão é o novo reforço do Bahia. Revelado pelo São Paulo, o jogador se profissionalizou em 2013, pela Ponte Preta. De lá pra cá, o atleta acumula passagens por Penapolense, Boa Esporte, Guaratinguetá, Albirex Niigata, do Japão, Naútico, Chungju Hummel, da Coreia do Sul, Atlético Tubarão, Luverdense, Grêmio Novorizontino, Oeste, Zorya, da Ucrânia, Slovan Bratislava, da Eslovênia, e Toulouse, da França.
Apesar de ter apenas 27 anos, a trajetória de Rafael Rogério da Silva no futebol é extensa. Na última temporada, o jogador atuou 34 vezes, marcando 6 gols e distribuindo 4 assistências com a camisa do Toulouse, que terminou na 13ª colocação do Campeonato Francês e foi campeão da Copa da França.
“É uma coisa muito boa. O pessoal sempre me para e fala “Obrigada” por tudo que eu fiz e como o time está indo, foi campeão e subiu. Isso me motiva, me deixa feliz e me faz querer trabalhar mais, dar o meu melhor… poder fazê-los felizes”, disse o jogador.
CARREIRA
No período que esteve em Cotia, Rafael admite que não teve muita maturidade para aproveitar a oportunidade. Faltava treinos, chegava atrasado e, com isso, foi dispensado aos 14 anos. Chegou a abandonar o futebol por uns meses, mas a paixão pelo esporte falou mais alto e o atacante buscou uma segunda chance na Ponte Preta.
A estreia no profissional veio com 17 anos na Macaca e, mais uma vez, a falta de disciplina atrapalhou o jovem Rafael, que tornou-se um garoto-problema. A vida se encarregou de trazer uma virada para o garoto e, hoje, ele analisa que sua ascensão ao profissional aconteceu de forma rápida.
– Eu acho muito errado os jogadores estarem num sub-17 e subirem direto para o profissional. Em cada base você vai criando uma experiência e o ideal é você ir passando pelas categorias e quando você chegar no profissional, não vai bater e voltar que foi o que aconteceu comigo. Eu tive a questão da indisciplina que acabei errando, mas eu acho que faz muita diferença ter um psicólogo, alguém para conversar, te mostrar as coisas certas, fez muita falta para mim – declarou.
Depressão na Eslováquia
Foi em território eslovaco que Rafael vivenciou a primeira temporada de destaque na carreira europeia. Defendendo o Slovan Bratislava, o brasileiro garantiu ao todo cinco títulos, entre eles o campeonato nacional e a Copa da Eslováquia. O bom desempenho gerou propostas e foi então que começou um período de desespero para o atleta.
Havia uma negociação em andamento com um time da Arábia Saudita e a possibilidade de ir para Toulouse. Mas a falta de transparência e as dificuldades impostas pelo Slovan à saída de Rafael geraram semanas de pesadelo que afetaram a sua saúde mental. Distante da esposa e da filha, que voltaram para o Brasil durante o imbróglio, Ratão perdeu o ânimo.
“Eu cheguei num ponto que não sentia mais vontade de comer, eu sempre me alimentei normal mas perdi a vontade de comer”, diz Ratão.
– Chegava, sentava na sala, não comia, às vezes chorava, tinha dificuldade para dormir também. Me abalou bastante, ali teve um começo de depressão. Mas eu vim para Toulouse e as coisas melhoraram – admitiu.
Foi quando Renato entrou em cena. Por meio de ligações, o psicólogo de São Paulo orientava e acalmava o jogador, além de ajudá-lo a dormir com técnicas de relaxamento. Até hoje Rafael Ratão mantém as consultas virtuais e considera de extrema importância, para um atleta, ter esse acompanhamento.
– No Brasil, os jogadores precisam procurar mais um psicólogo porque eu sei que foi muito importante e fez a diferença. Faz ainda. Ter um cara para poder conversar, planejar suas metas, te ajudar, te incentivar. Eles sabem o que a gente precisa nas situações difíceis e acabam passando o que pode ser importante para nós. É uma coisa normal porque quando tu começa um hábito e vai dando certo, você mantém, se acostuma. É muito importante ter um psicólogo esportivo – afirmou.