O técnico do Bahia Roger Machado participou do programa Fora de Jogo, do Esporte Interativo e comentou sobre o caso de racismo sofrido por ‘George Floyd’ nos EUA. Segundo o o treinador, a grande diferença, é que como a maioria das mortes deste tipo no país acontece na periferia, há sempre a dúvida sobre a inocência da vítima.
“Temos nossos ‘Georges’ toda semana. A primeira coisa que me vem à cabeça é que me parece que é diferente acontecer lá fora do que acontecer por bala perdida na favela. Quando é na favela, joga a sombra da dúvida, ‘será que era inocente mesmo?’.Isso porque está na periferia. Tudo o que vem de fora nos impacta mais e isso reverberou no mundo todo. A gente vê as movimentações e manifestações espalhadas pelo mundo. É muito triste porque essa violência letal, brutal foi cometida por quem deveria zelar pela vida, que é o Estado. E a gente está vivendo uma onda pelo mundo de desconstrução de direitos civis adquiridos há muito tempo, com muita luta. Isso também é um motivador para essas lutas pelo mundo”, declarou o treinador.
Roger Machado afirmou, ainda, que há muito desconhecimento sobre o racismo e a história dos negros no Brasil, o que acaba gerando mais preconceito e desentendimento.
“O que o negro carece é visibilidade. O que os séculos de escravidão e a inércia do Estado com relação a políticas adequadas promoveram foi a invisibilidade do povo. Não existe justiça social sem diálogo. Temos que dialogar. Algumas pessoas dizem que não se deve falar sobre racismo porque isso gera ondas de preconceito. Mas é o contrário. Não conhecer, não ter discernimento sobre assunto é o que gera esses atos. Em muitos momentos, o que desejam é que o negro se convença que tem uma tendência criminosa porque ele está mais na cadeia. E que ele não está em cargos de gestão porque ele é menos inteligente. Isso é efeito do processo, não é a causa. Isso é ignorância”, complementou.